
A revista científica Nature Medicine publicou em julho de 2025 os resultados do primeiro estudo clínico fase 1 com o medicamento experimental rugonersen (OHB-724), um oligonucleotídeo antissenso que visa reativar o gene UBE3A em crianças com Síndrome de Angelman.
O estudo, intitulado “The UBE3A-ATS antisense oligonucleotide rugonersen in children with Angelman syndrome: a phase 1 trial”, envolveu 61 crianças entre 1 e 12 anos, e representa um marco científico no campo das terapias genéticas para essa condição rara e complexa.
🔬 O que é o rugonersen?
O rugonersen é uma molécula desenvolvida para bloquear o transcrito antissenso UBE3A-ATS, responsável por silenciar o gene UBE3A herdado do pai. Ao inibir esse transcrito, o tratamento pode permitir que o gene paterno volte a ser ativo no cérebro — algo que poderia corrigir a causa raiz da síndrome.
🧪 O que mostrou o estudo?
- Segurança: A administração intratecal (no líquor) foi considerada segura, com a maioria dos efeitos adversos sendo leves e relacionados ao procedimento de punção lombar, e não diretamente ao medicamento.
- Evidências biológicas: O tratamento com rugonersen causou uma redução significativa no delta power do EEG — um marcador característico da atividade cerebral alterada em pessoas com Angelman. Essa redução foi dependente da dose, indicando um possível efeito farmacológico direto.
- Desenvolvimento clínico: Embora o estudo não tenha como objetivo primário medir eficácia, os pesquisadores observaram melhoras em domínios como linguagem, cognição e habilidades motoras, particularmente em crianças mais novas, sugerindo efeitos promissores a serem investigados em estudos futuros.
Conclusão dos autores:
O rugonersen demonstrou perfil de segurança aceitável, com alterações mensuráveis na atividade cerebral de crianças com Síndrome de Angelman, fornecendo base científica para o avanço de estudos clínicos posteriores.
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